quarta-feira, abril 19, 2006

Estdo Biblico Domingo de Páscoa - Costa de Caparica







A crucificação é um modo muito antigo de execução.
(A crucificação sempre tinha lugar fora dos muros da cidade e a vítima carregava a sua cruz até ao local da execução.)
A morte, usualmente, demorava muito. Raramente durava menos de 36 horas, e ocasionalmente podia durar até 9 dias.
As dores eram intensas.
Jesus levou a sua cruz, foi chicoteado com um chicote cuja ponta tinha um pedaço de metal que rasgava as carnes. Foi espancado até quase não poder ser reconhecido, e foi, a caminho do Calvário, com ferimentos abertos e hemorragias.
Foi nestas condições que o cravaram na cruz.
Foi exposto ao sol e ao calor, a enxames de moscas e aos insultos sádicos de alguns observadores.

  1. “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.” Lucas 23:33-34

No momento da sua crucificação, Jesus em vez de se preocupar com o seu próprio sofrimento e dor, em vez de clamar ao Pai por ajuda, auxílio, alívio para as dores, nas primeiras palavras que Ele profere observamos serem de preocupação, de perdão para com aqueles que lhe infligiam o sofrimento.

  • Apesar de ter uma coroa de espinhos sobre a Sua cabeça e o sangue jorrando sobre a Sua face isso não o impediu de ver o amor do Seu Pai.

  • Apesar das suas mãos que consolavam e curavam estarem cravadas impedindo-o de ajudar e animar os que o rodeavam, Ele podia orar ao Pai.

  • Os seus pés já não podiam caminhar de forma a alcançar os pecadores e os necessitados, mas Ele podia clamar ao Pai por eles.

  • Os seus discípulos já não estavam ali, para receberem os seus ensinos, mas Jesus podia interceder por misericórdia e perdão para eles.

Jesus cumpria as palavras do profeta Isaías :
“Pois ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu... “ Isaías 53:12b

Se Jesus, naquele momento, conseguiu ter palavras de perdão, não as terá hoje também, para no-las ofertar?
O apóstolo João declara:
“Se confessarmos os nosso pecados ele é fiel e justo para nos perdoar os nossos pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” I João 1:9

E nós? Será que foste traído pelas pessoas que mais amavas e em quem confiavas? Foste abandonado por todos? Ficaste só e sentes-te sozinho?

Jesus passou por tudo isto e foi capaz de ver o rosto do Pai – faz tu o mesmo nesta hora !!!

  1. “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” Lucas 23:43

Dois malfeitores estão na mesma situação que Jesus – um à Sua direita e um à Sua esquerda, cumprindo-se, desta forma, as palavras do profeta: “E foi contado com os transgressores.” Isaías 53:12

Outros, perto da cruz, blasfemavam dizendo:
“Tu, que destróis o templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és o Filho de Deus desce da cruz.” Mateus 27:39,40

“Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o rei de Israel, desça agora da cruz  e creremos nele; Confiou em Deus, livre-o agora, se o ama, porque disse: Sou Filho de Deus.” Mateus 27:41-43

Um dos ladrões buscava somente alívio para aquela agonia física: “Se tu é o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós.”
No entanto, um dos salteadores, com um sentimento de culpa e fé declara: “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino.” Lucas 23:42
Este, embora passasse pelo mesmo sofrimento imediato compreendeu que o seu maior problema não era o presente, mas sim o futuro.
Não queria simplesmente ver-se livre daquela situação, queria também libertar-se da situação de miserável pecador, e dar a Cristo um lugar na sua vida.
As palavras deste malfeitor arrependido devem ter sido das mais belas expressões que  Jesus ouviu. Mesmo no meio de todo aquele sofrimento este foi um momento que mostrava que o Seu sofrimento não era em vão, mas que permitia transmitir salvação àquele homem.
Os homens tentaram destruir Jesus em todas as áreas da Sua vida, mas mesmo diante da morte ninguém pôde conter o poder de salvar.

  1. “Mulher, eis aí o teu filho. (E ao discípulo:) Eis aí a tua mãe.” João 19:26b

Mais uma vez, Jesus deixa-nos um exemplo tremendo. Mesmo com as dores que dominavam o seu corpo, o seu coração preocupa-se com os que o rodeiam e lhe são próximos. Transmite palavras de amor e cuidado para com a sua mãe.
Jesus mostra-nos que a vida cristã não é apenas assistir a cultos, ler a Bíblia e fazer oração, mas que também significa olhar as carências dos que nos rodeiam e supri-las.
Cristo não morreu até que cuidasse e assegurasse o futuro da sua mãe.

  1. “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?” Mateus 27:46

Deus nunca abandonou o povo de Israel, nem mesmo quando este o abandonou; não abandonou Daniel na cova dos leões; não abandonou Sadraque, Mesaque e Abdenego na fornalha de Nabucudonozor.
Jesus, ainda hoje, promete que não nos abandonará.
Todavia, naquele momento Ele estava a pagar o preço do pecado de toda a humanidade.
Esta não era uma experiência humana normal, foi única na História da humanidade – toda a iniquidade foi colocada e levada por um só coração, a maldição do pecado foi colocada sobre Jesus.
“Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós.” II Coríntios 5:21
“Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades.” Isaías 53:5
Tão complexa era aquela situação que, diz a Escritura, vieram trevas sobre a terra em pleno dia.
O desamparo de Jesus, na cruz, permite-nos hoje pedir e receber o perdão para todos os nossos pecados.
Num momento único na história o Pai abandonou o Seu querido e amado Filho, na altura em que Ele, como nosso substituto, sofria o castigo que nos estava destinado, pelos nossos pecados.

  1. “Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para cumprir a escritura, disse: Tenho sede.” João 14:28

Cristo não tem muito mais tempo de vida, e ao informar da sua sede estava a revelar a sua humanidade. Sentia dores e o sofrimento, como qualquer outro homem o sentiria, com as mesmas capacidades e carências físicas.
Ao bradar “Tenho sede.” Ele não mostrava apenas a sua necessidade humana, mas também proclamava um brado de vitória.
Um atleta que participa numa corrida e que já tem os seus olhos fixos na meta, não se importa com as dores ou com a sede. Só quando o seu objectivo se concretiza é que as necessidades físicas passam a ter importância.
Na cruz do Calvário Jesus tinha uma meta: Salvar o ser humano.
Jesus superou a dor, a fome, a sede – superou tudo para conquistar a vitória na meta.
O “tenho sede” revela que Cristo havia completado a Sua missão.

  1. “Está consumado” João 19:30

Tudo está consumado! O cálice da cólera que vos estava destinada foi derramado sobre mim até à última gota! O cálice dos meus sofrimentos e ignomínias já transborda.
A minha missão está cumprida!
A expectativa da terra está satisfeita!
Os votos do céu atendidos!
O Universo resgatado!
O demónio vencido!
A idolatria abatida!
A Lei abolida!
A nova Aliança foi selada!
A igreja foi estabelecida!
Consumado está!!!
A infinita dívida dos homens, pecadores, está paga!
A sentença da condenação foi anulada!
O céu foi aberto! Tudo está reparado!

Está consumado! Que todos possam ouvir estas palavras, que soam como música divina em todos os recantos do Universo.
Nada fica que o homem tenha de fazer, apenas lhe é pedido que aceite a obra consumada de Cristo.
Está tudo feito, tudo pago, tudo consumado...
No entanto, isto não tem validade alguma se tu não o aceitares, se não reconheceres que precisas, e se não correres para os braços de Jesus.

  1. “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.” Lucas 23:46

As pessoas geralmente morrem da mesma maneira que viveram, e a vida de Jesus foi uma vida de entrega, de dependência e de submissão. E é isso que Ele faz no momento da partida: entrega-se ao Pai.
Depois de Jesus pronunciar estas palavras expirou. As trevas tornaram-se mais cerradas, a terra convulsiona-se, as rochas partem-se e desmoronam-se, abrem-se sepulturas, o grande e pesado véu do templo é rasgado de alto a baixo. O próprio oficial romana que presidia à crucificação exclamou: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus.Mateus 27:54b
“Toda a multidão que ali estava presente, vendo o que havia acontecido voltaram batendo no seu peito.” Lucas 23:48
Que nós, hoje, e perante tudo aquilo que ouvimos, possamos baixar as nossas cabeças, betar no peito e reconhecer que a culpa é nossa, o lugar na cruz pertencia-nos, mas Ele ocupou-o por nós.
A Ele toda a glória!