segunda-feira, outubro 31, 2005

Estudo Biblico - Cova Piedade 30 Outubro

MALDIÇÕES

Nos dias que correm muito se tem falado acerca de maldições: sobre estar amaldiçoado ou ser amaldiçoado por Deus ou pelos homens, de viver debaixo de maldições hereditárias e de outras manifestações desse tipo.
Será que existe, no meio de tudo isto, algum tipo de veracidade Bíblica?

Vivemos numa sociedade em que reina a superstição e, infelizmente, parece que nalguns círculos cristãos, e até mesmo evangélicos, esse tipo de cultura supersticiosa vem ganhando espaço.
Senão vejamos:
  • Muitos são aqueles que deixam as suas Bíblias abertas no Salmo 91 para estarem protegidos,

  • outros dizem que a oração nos montes tem mais eficácia do que a que é feita em casa;

  • afirmam que o uso do óleo é a maneira mais eficaz de ser curado;

  • alguns oram de boca fechada para que o diabo não ouça a sua oração;

  • quando se acredita num sabonete ungido;

  • quando se bebe água vinda do rio Jordão para ser curado;

  • quando se pensa que se pode amarrar o diabo com um “tá amarrado”, desenvolvemos uma cultura puramente mística e abrimos as portas para a ideia de estarmos sujeitos a maldições.

Estes, e outros factos ainda mais absurdos, fazem parte da “vida cristã” de muita gente que até hoje ainda não aprendeu a viver através da graça de Deus - não obstante terem sido libertos por Cristo e não viverem mais debaixo das trevas.
É neste contexto que surgem ensinos de que os cristãos ainda estão debaixo de maldições e que precisam ser libertos das mesmas, algumas até impostas por Deus, outras pelo Diabo e muitas pelos homens.


Antes de mais é fundamental definir o que quer dizer a palavra maldição; segundo o dicionário é: “Acção de desejar mal a alguém ou a alguma coisa; acto ou efeito de maldizer ou amaldiçoar; Conjunto de palavras solenes, ditadas em geral por sentimentos de ódio ou aversão e proferidas para desejar mal a alguém ou a alguma coisa.”

O que é mais chocante é algumas pessoas poderem ensinar que Deus amaldiçoa as pessoas. De acordo com esta descrição, Deus jamais desejou mal ao homem, pelo contrário, o Seu desejo sempre foi de aproximação, comunhão e intimidade com o homem.

Quando a Bíblia fala em maldição envolvendo a Deus, a definição mais correcta dessa expressão é: uma sentença que vem da quebra da Sua lei moral. Por outras palavras, é o castigo associado ao pecado, o resultado da quebra dos Seus mandamentos.

Uma figura que nos ajuda a compreender isto é a de um juiz no tribunal a proferir uma sentença. Quando ele profere a pena, ele não está a amaldiçoar ninguém, simplesmente está a aplicar o castigo que está associado à quebra da Lei. Da mesma maneira, quando a Bíblia se refere a que alguém está debaixo da maldição da Lei, refere-se ao facto de que a lei foi quebrada tendo a penalidade de ser cumprida.

Logo, quando se diz que Deus pronuncia uma maldição, isto quer dizer, em primeiro lugar, uma denúncia contra o pecado (Nm 5.21,23; Dt 29.19-20). Em segundo lugar, a maldição é o julgamento de Deus contra o pecado (Nm 5.22,24,27; Is 24.6). Então quando a Bíblia diz que uma pessoa é amaldiçoada é porque a mesma está a sofrer as consequências do seu pecado.

Existem dois textos bíblicos que têm sido usados, com frequência, para defender o ensino das maldições (em especial daquelas que são hereditárias e do facto do homem estar debaixo da maldição de Deus).
Vamos analisá-los, com cautela, á luz das Escrituras e tentar encontrar uma resposta Bíblica.

  1. Génesis 3.14-19, 22-24

Muito se tem dito com base neste texto de Génesis. Algumas dessas afirmações são inconcebíveis e até chocantes. Vamos centrar a nossa atenção não no evento em si (da queda) mas, sim, nas consequências da mesma.

Antes de mais é bom referir que havia um mandamento dado por Deus que, se não cumprido, teria consequências sobre a humanidade. A quebra do mandamento dado pelo Criador foi um sinal de rebelião e, ao mesmo tempo, uma afirmação de maior confiança nas palavras do tentador do que nas do criador.

Devo afirmar que a única criatura que foi amaldiçoada nesse texto, de acordo com o conceito social que temos hoje, foi a serpente, ou melhor, o Diabo. O homem e a mulher foram castigados, punidos pela sua desobediência e foram sentenciados á morte.

Não há qualquer base bíblica para influir deste texto que a mulher foi ou é mais amaldiçoada do que o homem. Afirmar isso, só é possível como resultado de uma má interpretação e revela um profundo desconhecimento da Natureza do próprio Deus. No caso dessa premissa ser correcta, o Senhor teria punido pecados iguais com penalidades diferentes.

Isso teria várias implicações:
  • a primeira relacionada com o Carácter de Deus - principalmente no que se relaciona com a Sua Justiça,

  • a segunda centra-se na questão da salvação - se a mulher está num estado pior precisa de uma salvação diferente da do homem, (o que traz implicações sobre a forma de Deus prover a Salvação).

Nada disto faz qualquer sentido e não tem qualquer base bíblica.
A Bíblia afirma que todos pecaram e pecaram, não em Eva mas, em Adão - pois o mandamento foi entregue em primeiro lugar a Adão ele era o principal responsável pelo seu cumprimento. O texto hebraico mostra-nos que ele estava ao lado da sua mulher enquanto esta falava com a serpente e que ele foi totalmente conivente com ela.

O ponto central do versículo quinze não é a mulher mas, sim, a inimizade entre o Cristo do Senhor e o Diabo. O relato bíblico mostra-nos que essa inimizade entre o diabo e a descendência de Eva permaneceria até à chegada do Messias, e mostra-nos todas as formas que Satanás usou na tentativa de impedir a concretização do plano divino.

A mulher não é amaldiçoada com dores de parto – estas são uma consequência da entrada do pecado no mundo. O pecado não afecta simplesmente o espírito humano - tem também consequências físicas. Da mesma maneira, o domínio do homem não é uma maldição mas, sim, uma consequência do pecado. Daí a necessidade de nos acautelarmos com discursos feministas que dizem que a mulher tem que ser livre do homem. Afinal, se o domínio é consequência do pecado, a posição de adjutora é bíblica e essa implica sujeição da mulher ao seu marido.

Da mesma forma, não é minimamente verdade que o homem tenha sido amaldiçoado com o facto de ter de trabalhar. A própria Bíblia afirma que mesmo antes da queda, o homem tinha a responsabilidade de cuidar do jardim. Assim, a consequência do pecado é a necessidade de realizar o trabalho com maior esforço, já que a presença do mal no mundo faz com que a terra não produza só boas coisas.

A maldição/castigo que veio sobre a humanidade é a morte - tanto física como espiritual.

É mais que certo que Deus não tem uma acção de ódio, de desejar mal, de proferir palavras negativas e imprecatórias para com o homem. Pelo contrário, apesar de aplicar o castigo Deus revelou um profundo amor ao garantir vestimentas, por meio do derramamento de sangue, associadas ao Seu perdão. Também expressou a Sua profunda misericórdia ao expulsar o homem do jardim para que o mesmo não comesse da árvore da vida.

Resumindo, neste texto encontramos castigo - é verdade - mas acima de tudo vemos um profundo amor da parte de Deus que está preparado a restaurar o homem. O desejo de Deus não é amaldiçoar antes é trazer perdão e misericórdia.

  1. Êxodo 20.4-6

Este texto é a base fundamental para alguns afirmarem a existência de maldições que se passam de pais para filhos, as quais precisariam ser identificadas para depois serem quebradas.

Deus preconiza aqui maldição e vingança até à terceira e quarta geração daqueles que O aborrecem. Dessa interpretação, puramente literal, resulta uma exigência perniciosa no sentido do crente identificar, com precisão, os acontecimentos que tenham estado na origem da maldição que supostamente pende sobre a sua vida, ainda que de carácter hereditário – de geração em geração.

Ou seja, mesmo após a aceitação, pela fé, da obra redentora de Jesus, e não havendo quebra de maldição posterior, a maldição permaneceria sobre o crente.

Sem dúvida que o texto em questão merece uma análise bastante mais cuidada.
Passemos a analisá-lo com vista a procurar o seu verdadeiro sentido.

Centremos, em primeiro lugar, a nossa atenção no que diz a primeira parte do versículo cinco: Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus….

O verso quatro informa-nos que a questão tratada é a da idolatria e o delas refere-se às imagens de ídolos. Assim sendo, o texto não trata de um pecado qualquer, mas sim de um pecado específico. Da mesma forma, o castigo apresentado não se aplica a qualquer pecado mas ao pecado da idolatria. Logo, aplicar este texto a outras situações como o alcoolismo, as drogas, o adultério e outras mais, é ir além do que o próprio texto consagra na sua simples literalidade.

O segundo aspecto interessante a constatar, refere-se a saber quem visita o iníquo, de acordo com o texto em foco. Não é um demónio mas o próprio DEUS: (…) sou DEUS zeloso, que visito (...).

Em terceiro lugar, o texto impõe a condição para que uma pessoa seja visitada. E que condição é essa? O texto informa-nos que é odiar (ou aborrecer, de acordo com algumas traduções) a DEUS.

Será que um crente em Jesus, consciente da sua salvação por meio da Sua morte vicária, preenche esse requisito da visitação? Será admissível afirmar-se que um cristão na vida manifesta ódio para com DEUS? Certamente que não! Seria uma contradição insanável – amar a Deus e odiá-Lo, simultaneamente!

Fica assim claro que esse castigo/visitação não tem qualquer aplicação à vida dos filhos de Deus, homens e mulheres genuinamente convertidos. A maldição expressa no texto não existe para os que verdadeiramente são cristãos.

Assim sendo, podemos concluir, com absoluta segurança, que o cristão não se enquadra dentro do universo daqueles que serão visitados pela ira do SENHOR. Mesmo que todos os ancestrais duma pessoa tenham sido bruxos, se tal pessoa se render aos pés de CRISTO e entender que JESUS é o seu único e suficiente Salvador, a visita da ira do SENHOR não ocorrerá em relação a ela.

Podemos, em reforço da conclusão anterior, extrair uma nota importante do texto do versículo seguinte (Ex. 20:6). Aí encontramos a seguinte declaração: (…) e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.

Um dos princípios básicos da interpretação bíblica é o que podemos chamar de coerência de aplicação de análise.

Ora, se os professos desta interpretação entendem que realmente são até três ou quatro as gerações amaldiçoadas por um ancestral iníquo, então são, pelo menos, mil as gerações descendentes abençoadas! Essa interpretação permitir-nos-ia dizer que o descendente de um homem fiel poderia fazer o que desejasse sem que disso lhe adviessem as devidas consequências! Mas essa conclusão seria igualmente falsa por não corresponder à revelação divina e, portanto, ao ensino das Escrituras.

O que podemos entender do texto em análise, é que a ira do SENHOR dura por pouco tempo (até quatro gerações), mas sua misericórdia dura por muito tempo (milhares), ou seja, a ênfase do texto está na relação de DEUS para connosco e não sobre supostas maldições hereditárias.

A fórmula de responsabilidade dos membros duma família, constante da expressão visitar a culpa dos pais nos filhos (netos e bisnetos), até à terceira e quarta geração (Ex 20:5, Nm 14:18, Dt 5:9), deve ser vista e interpretada a partir da organização do povo de Israel em clãs (grandes famílias).

Um clã abrangia até quatro gerações, como se pode constatar através do exemplo da família de Jacob. Caso um membro duma dessas famílias quebrasse a lei, toda a família sofreria os danos decorrentes do pecado dessa pessoa (Dt 24.16, II Rs 14.6, Ez 18.20).

A Maldição era um juízo divino. Estar sob maldição, é estar em rebeldia contra Deus (Dt 11:26-28, 30:1,19, Js 8:34, Is 24:5,6, Ml 2:2).
     
É óbvio que o pecado do chefe da família poderia trazer problemas ou consequências para toda a família, mas isso não significava que a família seria responsabilizada diante de Deus pelo pecado do seu patriarca.

Sem dúvida que muitas pessoas gostariam que as maldições hereditárias fossem um facto, pois assim encontrariam uma bela desculpa para os seus pecados. Nesse sentido, a doutrina que temos estado a analisar pode servir essa pretensão. Afinal, é muito mais cómodo atribuir a responsabilidade das nossas atitudes e pecados a actos dos ancestrais… Só que não é esse o ensino bíblico.

No Novo Testamento, há um texto bastante importante, sobre esta ideia dos pecados dos pais influenciarem os seus filhos, o qual encontra-se em João 9.1-3.

Com efeito, no que se refere às maldições, sejam elas de que tipo for, o ensino bíblico é claro:

- A responsabilidade é pessoal. Deus não responsabiliza o filho pelas falhas do pai, nem o pai pelas falhas do filho. O pecado é, então, inteiramente pessoal. A alma que pecar, essa morrerá. Ninguém morrerá pelos pecados dos seus ancestrais, vivos ou mortos, mas por causa dos seus próprios pecados (Ez 18:1-32).

- A conversão a Cristo transmite o perdão para os pecados e Deus declara justo aquele que crê, de modo que ele fica livre de toda e qualquer acusação e condenação (Rm 8:33, 34, Ef 1:7).

- Aquele que se converte é transportado do império das trevas para o império da luz, do controle do Diabo para o reino do amado Filho de Deus (Cl. 1:13). No Reino da luz, aquele que se converteu está em Cristo, assentado nas regiões celestiais (Ef 2:6) e em total segurança, nas mãos de Cristo (Jo 10:28,29).

- O Novo Testamento deixa claro que os que estão em Cristo, estão selados com o Espírito Santo (Ef. 1:13,14) que zela pelos seus com ciúmes (Tg 4:5) e oferece total segurança, pois é Maior o que está nos filhos de Deus do que o que está no mundo (I Jo 4:4).

- O Maligno não lhes toca (I Jo 5:18).

Expressamente, a Bíblia ensina que agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte (Rm 8.1,2) e Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, pois está escrito: maldito todo aquele que for pendurado no madeiro para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito Santo (Gl 3:13-14), isto é, o regenerado (…) é eternamente abençoado por Deus em Cristo Jesus; nenhuma maldição pesa ou pesará sobre ele. E ensina ainda que (…) se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (1Cor 5:17 e Rm 6:3-10).

2 Comments:

At 9:15 da tarde, Anonymous Anónimo said...

AVISO: esta pregação acaba de ser copiada para "os meus documentos"!
heheheh....MANU...foi a pregação MAIS Á FRENTE k já ouvi!!! tu és mm PM! sou mm orgulhosa por ser tua manuxa!****
juzinha

 
At 12:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Os meus parabéns! Deus te continue a usar com toda a autoridade da Sua Palavra. Precisamos de mais ensinos para desmarcarar as obras do diabo e por-nos a todos conhecedores da verdadeira vontade de Deus.Gby! Ana Noivo

 

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