segunda-feira, outubro 24, 2005

Estudo Biblico - Costa Caparica 24 Outubro

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Introdução:

Muitos, nos nossos dias, têm ensinado que a morte de Cristo foi um acidente, algo de inesperado, ou que a morte de Jesus foi um plano criado por Deus, de improviso ou, até, que essa morte não era necessária.

As Escrituras revelam que a Cruz de Cristo não foi uma reflexão tardia nem um acidente humano, pois Jesus era “o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap. 13.8).
O apóstolo Pedro afirma que Jesus foi “entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus” (Act 2.23). Pedro estava presente quando tudo aconteceu; ele sabia que o Calvário não foi uma surpresa para Jesus. Anos depois, Pedro chamou Jesus de Cordeiro que foi “conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo” (I Pedro 1.20).

Paulo concordou com Pedro em que a cruz estava na mente e no coração de Deus desde o início, pois Deus prometeu a vida eterna “antes dos tempos eternos” (Tt 1.2), e se Ele “nos escolheu nele (Cristo) antes da fundação do Mundo” (Ef 1.4), e escreveu os nossos nomes no Livro da Vida (Ap 17.8), então o grande plano de salvação pertence aos conselhos divinos da eternidade.

Quando Jesus veio à terra, Ele sabia que tinha vindo para morrer, Ele diz aos discípulos de Emaús: “Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?” (Lc 24.26). A cruz foi uma determinação divina e não um acidente humano. Nessa mesma noite Jesus apareceu aos onze e diz-lhes: “Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos ao terceiro dia” (Lc 24.46). Jesus não foi assassinado; Ele entregou voluntariamente a sua vida pelas suas ovelhas (Jo 10.15-18). A sua morte era uma necessidade no plano eterno de Deus.

O Evangelho de João apresenta cinco figuras importantes relacionadas com a morte de Cristo e é sobre elas que vamos meditar.

  1. O Cordeiro de Deus – Jo 1.29,36

O sacrifício expiatório do Messias foi ensinado nas profecias e símbolos do Antigo Testamento, e Jesus compreendia perfeitamente as Escrituras judias. Todo o sistema sacrificial mosaico e o sacerdócio que o mantinha eram símbolos e sombras das Boas Novas vindouras.

Jesus entregar-se-ia como oferta queimada em submissão total a Deus, assim como oferta pelo pecado para pagar o preço das nossas ofensas contra Deus. Com a sua morte na Cruz, Jesus satisfez todo o sistema sacrificial e cancelou-o para sempre. Com uma só oferta, Ele fez o que milhares de animais sobre os altares judeus jamais poderiam fazer: “porque é impossível que o sangue de touros e de bodes removam pecados” (Hb 10.4)

A morte sacrificial de Cristo foi publicamente anunciada em primeiro lugar por João Baptista quando ele viu a Jesus aproximando-se do rio Jordão. Ele disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.

João estava respondendo à pergunta de Isaque: “onde está o cordeiro para o holocausto? (Gn 22.7) e anunciando o cumprimento da promessa de Abraão: “Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto” (Gn 22.8)


  1. O Templo destruído Jo 2.19

O cordeiro sacrificial é a primeira de várias ilustrações nítidas da morte de Cristo encontradas no Evangelho de João. A segunda é o templo destruído: “Destruirei este santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2.19)

O corpo que Deus preparara para seu Filho era o templo de Deus - porque o verbo eterno tornou-se carne e “habitou entre nós” (Jo 1.14). “Porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl 1.19). “Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9). Todavia, as mãos ímpias de homens perversos tocaram esse templo santo e fizeram com Ele o que quiseram.

Pensavam que podiam destruir o Príncipe da Vida, mas as suas tentativas foram inúteis.

Ao contemplar os sofrimentos de Jesus e as coisas terríveis que homens perversos fizeram ao templo do Seu corpo, ficamos espantados com a pecaminosamente do homem em contraste com a misericórdia de Deus. No espaço de poucas horas, os soldados prenderam-no, amararam-no, bateram-lhe, cuspiram-no, humilharam-no, puseram-lhe uma coroa de espinhos e, por fim, pregaram-no numa Cruz.

Eles tentaram destruir o templo de Deus, mas fracassaram. Deus cumpriu a Sua Palavra: “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (AT 2.25-28). Jesus levantou-se triunfante dentre os mortos e cumpriu o sinal do profeta Jonas diante da nação de Israel.

  1. A Serpente Levantada no deserto – Jo 3.13-14

A terceira figura de João sobre a crucificação é serpente levantada no deserto. Jesus disse a Nicodemos: “E do modo porque Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3.13-14).

Nicodemos conhecia a história registrada em Números 21.5-9, mas deve ter ficado espantado ao ouvir que o Messias prometido teria de suportar uma morte tão ignóbil; como é que o mestre enviado por Deus, que operava milagres, poderia comparar-se a uma vil serpente? Isso era inconcebível!

O facto de o Messias ser também “levantado” numa cruz deixava igualmente perplexo o povo comum que aprendera que o seu prometido Redentor iria “permanecer para sempre” (Jo 12.32-34). Ser pendurado num madeiro era a suprema humilhação; era o mesmo que ser amaldiçoado: “O que for pendurado no madeiro é maldito de Deus” (Dt 21.22-23). Na cruz. Porém, Jesus foi feito maldição em nosso lugar e assim resgatou-nos da maldição da lei (Gl 3.13).

  1. O Bom Pastor – Jo 10.11-18

Quando consideradas em separado, as imagens do cordeiro, do templo e da serpente poderiam dar-nos a falsa impressão de que na Sua morte, Jesus foi uma vitima e não um vencedor. Esta interpretação errónea é equilibrada pela quarta imagem, a do Bom Pastor (Jo 10-11-18) que entregou voluntariamente a sua vida pelas ovelhas. Nosso Senhor não foi assassinado contra a Sua vontade, Ele deliberadamente se entregou para morrer por nós.

“Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10.17-18).

Na vigência do Antigo Testamento, as ovelhas morriam pelo pastor, mas faziam isso por ignorância e de má vontade. É duvidoso que qualquer ovelha tivesse alguma vez se apresentado para lhe cortarem a garganta, esquartejassem o corpo e depois a queimassem sobre o altar. A mensagem do Evangelho, porém, declara que Jesus, o Bom Pastor, morreu voluntariamente pelas ovelhas perdidas do mundo e agiu assim com pleno conhecimento de tudo que estava envolvido nessa atitude.

  1. A semente enterrada no solo – Jo 12.20-28
A quinta ilustração da sua morte é a semente enterrada no solo para produzir fruto.

A ênfase está na disposição de Cristo para dar a vida, a fim de que o Pai fosse glorificado. “Respondeu-lhes Jesus: è chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (Jo 12.23-24).

A morte e o sepultamento do Senhor pareciam a derrota de Deus e a vitória do inimigo, mas o oposto é que é verdade. A Sua aparente derrota foi realmente a maior vitória que Jesus já teve, um triunfo bem maior do que curar doentes ou expulsar demónios. O corpo do Senhor era como a semente morta quando Nicodemos e José de Arimatéia O colocaram no túmulo, mas no terceiro dia Ele foi ressuscitado em poder e glória.

  1. Conclusão

Estas são então cinco figuras da morte do Senhor na cruz, cada uma enfatizando uma verdade específica. Na forma de cordeiro no altar, Jesus morreu como um substituto para nós, que merecíamos a morte. Os sacerdotes judeus tinham o maior cuidado em que o animal sacrificado sofresse o mínimo possível, mas o corpo de Jesus foi tratado como um prédio em demolição. A morte dele foi vicária, cruel e vil, pois como uma serpente levantada, Ele se tornou maldição. Sua morte, porém, foi voluntária, o Pastor morrendo prontamente pelas ovelhas, a semente sendo deliberadamente plantada no solo e produzindo nova vida.